Viver ou Sobreviver?
“Não acrescente dias em sua vida, mas vida aos seus dias (Harry Benjamim).”
Ouvi essa máxima numa comemoração de aniversário de uma colega de trabalho e fiquei um tempo pensando na frase que compõe a música oficial de aniversário “… muitas felicidades, muitos anos de vida…” É bacana desejar vida longa às pessoas, afinal não queremos perdê-las, porém, melhor ainda é desejar que elas saibam viver. Nós batalhamos diariamente em prol do bem-estar das nossas famílias, do trabalho, para pagarmos as despesas mensais, para acompanharmos as tendências da moda, da tecnologia, com a desculpa de que “trabalho é pão.” Tudo bem, que para conseguirmos obter sucesso é necessário trabalharmos muito, muitas vezes nos sacrificarmos em razão de proporcionarmos um “futuro” melhor para àqueles que dependem de nós, um conforto, um estilo de vida regado ao luxo.
Em contrapartida, a gente esquece que não adianta se dedicar somente a “ganhar o pão de cada dia”, e não aproveitarmos o convívio bacana com os pais, irmãos, cônjuges, filhos, amigos, animal de estimação, nos relacionarmos de forma verdadeira. O quão gostoso é tomar café juntos, ir à praia, ao parque, à banca da esquina comprar figurinhas e colar no álbum junto com seu garotinho. Assistir filme comendo pipoca, ficar na cama aproveitando os minutinhos que restam antes de levantar para ir à luta. Coisas simples do cotidiano, mas que trazem na essência vida! De nada adianta alcançar bens materiais, riquezas, poder, e não poder usufruir o que de melhor temos e que não tem preço e requer dedicação. Todo trabalho é digno e necessário, mas não façamos dele o nosso refúgio, bem maior, razão de viver.
De que adianta chegar irritado em casa, de mau humor, desanimado, indignado, triste, ansioso de só investir no lado profissional e perder a chance de sentar à mesa com os entes queridos e ouvir deles como foi o dia, como foi na escola, na primeira competição de natação. As oportunidades passam e nem sempre voltam, mas sempre há chances de fazer diferente, de mudar os hábitos, de reconhecer que aquele comportamento doentio não trará benefício algum, ao contrário, só provocará a quebra dos relacionamentos e aumentar as síndromes.
Traga aos seus dias a realidade, o palpável, o brilho nos olhos e o sorriso. Não porque tudo lhe vai bem, mas independente das circunstâncias, você não está sozinho, tem aconchego, tem gente disposta a lhe ouvir, a lhe aconselhar, abraçar e a lhe mostrar que não vale apenas somente “sobreviver.”
Aprenda e persista sempre, pois, com a sabedoria e a persistência vêm a transformação, que é de dentro para fora, construindo e reconstruindo sua vida e de quem lhe acompanha. Tire esse peso dos seus ombros, repense seus valores, como gerir o seu dia, na certeza de que, ao terminar você se sentirá mais completo, realizado e sereno.
Experimente dar vida aos seus dias e quem sabe se, num destes dias, a vida lhe traz um inesperado e surpreendente dia. Porque tudo pode mudar num só dia!