Da compulsão por comprar a devedor compulsivo
Compramos por várias razões: necessidade, diversão, modismo, status, apelos de promoções, liquidações e propagandas, ou pelo simples prazer de comprar, de adquirir alguma coisa independente da sua utilidade ou significado.
E isso pode se tornar um vício, uma doença de difícil controle, conhecida como oneomania ou compulsão por compras. Cerca de 5 a 6% da população sofrem do problema e é mais frequente entre as mulheres, na faixa dos 30 a 40 anos. Porém, as últimas pesquisas americanas demonstram que os compradores compulsivos masculinos vêm aumentando assustadoramente, equiparando-se às do sexo feminino.
De acordo com estudos realizados, a compulsão por compras pode estar associada a transtornos do humor e de ansiedade, dependência de substâncias psicoativas (álcool, drogas ou medicamentos), transtornos alimentares (bulimia, anorexia) e distúrbios de controle de impulsos.
A oneomania segue o padrão de toda compulsão, aliviar a ansiedade e sentimentos de frustração, vazio e depressão. Os oneomaníacos têm o consumo como vício, assim como um alcoólatra que necessita da bebida. Enquanto está comprando, a pessoa sente alívio e prazer dos sintomas, que passado um tempo voltam rapidamente. O efeito do ato de comprar é semelhante ao de tomar uma droga.
E para piorar a situação, o comprador compulsivo, pela dificuldade em reconhecer quando já passou do limites, pode acabar se tornando um devedor compulsivo.
Quando se sente carente, ansioso, deprimido esbanja dinheiro em algo que não pode pagar. Gasta compulsivamente, contrai dívidas, sente-se culpado, promete que nunca mais fará isto de novo, e apenas repete o mesmo ciclo na próxima vez que o sentimento de não ser suficiente aflorar. Começa, então, a viver uma roda viva: entra no cheque especial, faz empréstimos para cobrir o cheque especial, pede
emprestado a amigos para pagar o empréstimo, deixa de pagar cronicamente contas e compromissos, acumula credores e por aí vai, até afundar em dívidas, se tornar insolvente, inclusive arrastando junto a família. Perde o respeito próprio, amizades, saúde, emprego e família.
Pra quem acha que a Bíblia é ultrapassada e não se adéqua à realidade do mundo contemporâneo, é bom refletir na sabedoria milenar encontrada em Provérbio 17:16: De que serve o dinheiro na mão do tolo, já que ele não quer obter sabedoria?
Síria Giovenardi, psicóloga e conselheira cristã
@siriagiovenardi