Uma noite dessas, cheguei tarde em casa, depois de um dia exaustivo de trabalho. Estava muito cansada, com fome, pois não havia nem sequer tido tempo para almoçar, e com uma forte dor de cabeça. Tudo o que eu queria era tomar um analgésico que fizesse minha cabeça parar de doer em SEGUNDOS! Também, como não havia um jantar pronto à minha espera, precisava preparar algo que RAPIDAMENTE aplacasse minha fome, ou melhor enganasse, porque o que eu queria era tomar LOGO um banho e cair na cama, de preferência JÁ dormindo. Abri a despensa e lá havia alguns pacotinhos de sopa instantânea, um pozinho sobre o qual era só derramar um pouco de água fervente e mexer por 15 segundos, e PRONTO. Perfeito!
Este retrato instantâneo do cotidiano nos remete a refletir sobre algo muito sério. Vivemos numa sociedade de gratificações instantâneas: dietas que prometem emagrecer 4kg em uma semana, basta tomar aquele chá … café, leite, sopas e macarrão instantâneos … do congelador para o microondas e para a mesa em 3 minutos … dinheiro instantâneo no caixa eletrônico! Até almoçar fora é praticamente instantâneo com os restaurantes self service!
Então, não é de se admirar que muitos de nós estejamos procurando uma resposta instantânea para todos nossos problemas.
Mas restauração de fragilidades emocionais e falhas de caráter decorrentes de traumas vividos no passado distante ou recente, perdas afetivas não resolvidas, envolvimento em relacionamentos disfuncionais e de nossas próprias escolhas de vida erradas, não tem como ser instantânea. Leva tempo consertar uma vida toda de danos; não existem soluções imediatas, do tipo “tomou doril e a dor sumiu”. Mudar leva tempo. Exige paciência. Restauração é um processo.
Quando paramos de esperar alívio instantâneo, podemos passar a encarar a nossa restauração como um processo, feito de muitos “um dia de cada vez”.
É um processo educativo, durante o qual teremos que desaprender maus hábitos e aprender novas atitudes, comportamentos sadios, a manter relacionamentos íntegros e saudáveis e, principalmente, aprender a esperar em Deus, o que certamente nos traz grandes recompensas. Isto nos permite permanecer calmos e confiantes, mesmo quando parece que não estamos alcançando nenhum progresso em nossa restauração. Ele nos dá forças para que não desanimemos e desistamos. Ao desenvolvermos fé paciente em Deus, agüentaremos firmes até final da corrida, sem jogar a toalha.
O Senhor é bom para todos os que confiam nele. O melhor é ter esperança e aguardar em silêncio a ajuda do Senhor. Lamentações 3:25,26
Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais Ele fará. Salmos 37:4
Para o quê você está buscando uma resposta instantânea? Como a procura de respostas instantâneas tem agravado seus problemas? Para o quê você está precisando esperar e confiar na ajuda de Deus? Quais serão as recompensas?
Enfrentar a dor do passado, examinando nossa história à procura da verdade é essencial para nossa restauração, principalmente quando somos auxiliados pela graça de Deus, na Pessoa de Seu Filho Jesus.
“Se insistirmos em viver nas trevas de nossas lembranças, estabeleceremos uma falsa concepção de nós mesmos. Ficaremos impossibilitados de escolher nosso caminho e nos tornaremos escravos do passado, repetindo no presente os padrões inconscientes estabelecidos no passado.
Para sermos “como a luz da alvorada, que brilha cada vez mais até a plena claridade do dia” (Pv 4:18) temos de abandonar a segurança irreal da imagem construída e nos tornar vulneráveis. Precisamos ir ao encontro da “criança” ferida, envergonhada e/ou culpada que, queiramos ou não, cada um carrega. Precisamos ter coragem suficiente para encarar e assumir que temos um lado frágil e dependente.
Deus aceita nossa fragilidade. Tanto aceita que veio ao mundo na pessoa de Cristo, identificando-se conosco ao nascer como um bebê frágil e dependente da presença e do cuidado de outros. Já adulto, Cristo também experimentou a fragilidade. Em Mt 26:40, lemos que antes do Calvário, em sua dor, Jesus reclamou a participação e companhia de Pedro e João. A Bíblia relata que Ele estava profundamente angustiado e aflito. Ele se permitiu sentir angústia, medo e tristeza. Mas, às vezes nós não nos permitimos sentir nenhum sentimento que possa denunciar nossa fragilidade. Vivemos como se fossemos melhores e mais fortes que Cristo.
Se Deus nos aceita e se identificou com nossa impotência tornando-se um de nós, criança e frágil, então também podemos aceitar nossa fragilidade, dependência e necessidade. Devemos, primeiro, permitir que aflore em nós tudo o que repousa em nossa memória e que insistimos, consciente ou inconscientemente, em não ver. Precisamos perdoar quem nos feriu e fazer as reparações a quem nós ferimos. Depois, é só ir ao encontro de Jesus, em quem encontramos restauração e vida abundante!”
Extraído do livro Ressurreição Interior, Esther Carrenho, pgs 129 a 131.
Abaixo são apresentados alguns princípios que lhe ajudarão na sua jornada de restauração.
Saia da Negação
Você precisa querer dar o primeiro passo no sentido de encarar o fato de que os traumas do passado ainda afetam seu presente. Não importa o quanto insignificante possa ter sido a experiência traumática sofrida, ela sempre provoca algum dano. E sua disposição e abertura para encarar esse dano, parando de negar sua existência é o primeiro passo em direção à plena restauração.
Encare sua Dor
É importante que você se permita sentir o impacto emocional do dano provocado pelo trauma ocorrido no seu passado. Encare sua dor e lamente as perdas. Não deixe seu coração endurecer. Só um coração amolecido pelas lágrimas, pelo perdão recebido e concedido, pelo consolo e amor do nosso Poder Superior, Jesus, permite que as sementes da mudança se desenvolvam e dêem frutos.
Partilhe sua Dor
Entregue sua dor ao seu Poder Superior, Jesus. A oração é o mais poderoso instrumento de restauração. Compartilhe sua dor com outras pessoas, principalmente, que passam pela mesma dor, para receber apoio.
Busque Ajuda
Falar sobre sua dor com outras pessoas pode ser assustador e parecer arriscado, mas restauração não é uma jornada para se fazer sozinho. Supere o medo do que as pessoas possam pensar ou dizer, dê um passo de fé e busque ajuda. Os grupos de apoio do Celebrando Restauração são um lugar seguro onde você pode buscar essa ajuda e partilhar sua dor.
Entenda os efeitos da sua dor na sua vida e nos seus relacionamentos
Para que a restauração seja bem sucedida é preciso entender como os traumas do seu passado afetam sua vida e seus relacionamentos com as pessoas, principalmente as que estão mais próximas. Deus deseja que você use sua dor e suas lutas para revelar o poder de cura e libertação que só Jesus tem.
Membros da IBC oraram pelos presos do projeto de ressocialização (FOTO: FÁBIO LIMA)
Projetos de ressocialização têm conseguido mudar a realidade dos presos cearenses. Na Casa de Privação Provisória de Liberdade Clodoaldo Pinto (CPPL II), quatro das cinco vivências estão pacificadas.
Cerca de 84% da unidade está inserida no projeto Renascer. Dos 1.125 internos, são 950 participando de atividades sociais e religiosas. Ontem, alguns desses resultados foram apresentados na Igreja Batista Central (IBC).
Segundo o coordenador do Celebrando Restauração, Nelson Massambani, que também faz parte do projeto Renascer, há um amadurecimento desse tipo de ação. “Queremos desafiar mais pessoas a abraçarem esse projeto. O contato com o programa oferece perspectiva mais clara de recomeço de caminhada”. Ele acrescenta que as famílias dos presos também são impactadas. “Através do arrependimento genuíno, há liberação do perdão e restauração da família”.
A previsão é que sejam firmadas novas parcerias com outras unidades prisionais.
Muitas vezes a realidade da vida nos enche de desalento. Estamos envoltos por guerras, atos de terrorismo, catástrofes da natureza, fome, criminalidade crescente, violência assustadora contra crianças que são surradas até a morte, abusadas sexualmente, corrupção de governantes e agentes de que deveriam garantir nossa segurança etc.
Também, a nossa própria vida pode nos encher de desalento. Mágoas, traumas, conflitos constantes em nossos relacionamentos com pais, cônjuges, filhos, rejeição, depressão, humilhações e injustiças sofridas, sentimentos de incompetência pessoal, e por aí vai. Talvez, tenhamos aprendido que alimentar esperança nos outros e, até mesmo em nós mesmos, só nos traz decepção, desilusão, frustração. Promessas que nos fizeram e que fizemos foram quebradas e sentimo-nos tolos por termos alimentado esperança.
Talvez, isso aconteça porque costumamos colocar nossa esperança no lugar errado.
Veja o que Deus nos diz: “… aquele que se afasta de Mim, que confia nos outros, que confia na força de fracos seres humanos … é como uma planta do deserto que cresce na terra seca, no chão salgado, onde não cresce mais nada. Nada de bom acontece com ele. Mas Eu abençoarei aquele que confia em Mim, aquele que tem fé em Mim, o SENHOR. Ele é como a árvore plantada perto da água, que espalha as suas raízes até o ribeirão. Quando vem o calor, ela não tem medo, pois as suas folhas ficam sempre verdes. Quando não chove, ela não se preocupa; continua dando frutas.” Jeremias 17:5-8.
Assim, quando colocamos nossa esperança em outras pessoas, com certeza sofreremos decepções, pois elas são incapazes de satisfazer nossas necessidades mais profundas.
Porém, quando colocamos nossa esperança em Deus, tudo muda. Somos amados, amparados, consolados, cuidados, supridos, encorajados… Somos cheios de esperança!
E esta é essência do Passo 2: Viemos a acreditar que um poder superior a nós mesmos poderia restituir nossa sanidade… e, portanto, a esperança de sermos restaurados.